“Cadeira é carro, gente?”, indaga, agitada, uma senhora num vídeo que circula pelo meio cuiabano, e que coleciona mais de 15 mil visualizações e dezenas de comentários. Nele, uma mulher se esforça para estacionar seu carro em frente a uma pamonharia na Praça Popular. É, no entanto, barrada por cadeiras colocadas por um homem, na suposta tentativa de reservar a vaga. “A intenção do vídeo era mostrar minha indignação”, confessa a motorista do carro, que é vizinha do estabelecimento. “Já pedi várias vezes com educação para que parassem com a prática. A rua é pública!”
O problema, porém, não se restringe à Praça, e chega a ser mais grave em outros bairros da capital.
É o que se conclui de curiosos relatos de servidores lotados na Procuradoria da República, edifício espelhado localizado no encontro das conturbadas Getúlio Vargas e Estevão de Mendonça, avenidas que reúnem, além do órgão público, escolas, lojas, restaurantes e bares. “Somos mais de cem servidores, e nosso estacionamento é limitado. Muitas vezes temos de deixar o carro na rua”, diz um deles. “Ao voltar do trabalho, temos tido surpresas desagradáveis”, queixa-se outra.
Ela narra que havia estacionado em frente a uma locadora de vídeos, ao lado da Procuradoria. Ao voltar, notou que os pneus de seu carro haviam sido esvaziados. Semanas antes, no mesmo local, encontrou um recado escrito à mão preso ao para-brisa: “Esta vaga é para clientes”. Ao levar a situação ao trabalho, constatou que vários colegas já haviam passado pelos mesmos constrangimentos. Foi até a delegacia e registrou boletim de ocorrência. “É um absurdo”, protesta. “A rua não tem dono”.